LIBERTAÇÃO
Do caminho sair,
ir para qualquer lado da vida transfigurada
em luz rosa e verde
e quase morta de sede.
Vípera língua da noite!...
Alumbrada de sombras neutras,
brilhos pequenos, fortes de dizeres,
Valsa rasa nos passos leves.
Música em palmas estendidas
segurando no alto
o assalto da emoção perdida.
Chaga intata,
sangue morto avermelhado de poeira.
Aquarela...
diluída cor da dor,
do terror do por de sol.
Abraço o esquecimento,
aquecimento,
quero o cimento
do calar.
Muda estarei para a tempestade,
para as verdades
únicas e não reveladas,
secas,
para as mãos crispadas.
Dedos, soltai as amarras,
libertai com cores as dores
da manhã, da tarde, da noite,
do fardo do resto da vida.
Atirem, mistérios, na dor constante,
Atirem na cor gritante
E a façam azul e rosa e verde
Para isentar de ferida
o tudo, o nada,
o mistério do cada da vida.