UM CHICLETE SEM GRUDE
Quero vencer na vida
ganhando fôlegos.
Esbaforidamente,
desembestar ladeiras.
Domar trenós sem treino,
sem renas e sem freios,
atritando solos desnevados.
Quero me perder nos medos
dos desertos, na coragem
das cidades fantasmas,
na loucura de hospícios
hospitaleiros.
Quero me perder ainda
na presunção de honestidade
dessa gente pública.
Mas a vida é simples demais
para tantos quereres...
Autofágicos e mágicos.
Capazes de engolir a grande
sucuri como desavença.
E mastigar o bem
como um chiclete sem grude.