Meu espirito livre
Eu sou dois mil e quatorze.
O ano de dois mil e quatorze.
Estou a pouco menos de um mês para me tornar dois mil e quinze.
Eu sou o vento que soprou as folhas do pé de amora e os pelos do meu próprio braço.
Eu sou a formiga que vai ali pelo chão.
Eu sou as pernas da cadeira que sustenta o meu corpo sentado.
Cai do céu agora pouco em pingos d'água cristalinos.
Meu olho esquerdo é o sol.
Meu olho direito é a lua.
Se nada disso lhe faz sentido, eu sou você.
Eu sou você.
Eu que nunca sofri ou fui testado.
Eu que não me conheço.
Eu que não sei quem sou.
Eu que me olho de dentro e não de fora.
Eu que não sei decifrar o que vejo em mim.
Eu que não me entendo.
Eu que não sei do que sou capaz.
O meu pescoço na guilhotina.
O meu pescoço na forca.
Meu corpo apedrejado.
Meu corpo crucificado.
Meu corpo queimado.
Meu corpo envenenado.
Meu corpo fuzilado.
Meu corpo torturado.
Meu corpo castigado.
Meu corpo abusado.
Meu corpo explorado.
Meu corpo aprisionado.
Meu corpo possuído.
Minha alma para o céu?
Minha para o inferno?
Meu espirito livre!