Um novo que seja novo não o mesmo de novo meu ovo
Para Maiakovski
Já estou por aqui com esses mortos na minha estante – Estante cemitério. Não suporto mais todos eles me encarando. Chamando do além. Está mais do que na hora deu deixar de lado um pouco esses velhotes assombrados. Mesmo que suas palavras, suas ideias estejam vivas, vivíssimas! Já é tempo de me juntar aos meus contemporâneos, e de preferência vivos – nos dois sentidos.
Não que eu esteja renegando meus velhos mestres, longe de mim, mas aqueles livros e discos ali enfileirados, amontoados, todos esses cadáveres, já não me cativam como antes. Qualquer dia desses pego eles e jogo dentro de um caixão – caixote – caixa – E enterro todos eles a sete palmos abaixo da terra!
...Meus livros imóveis e em silêncio, postados na estante. Como é que pode existir tanto silêncio em objetos tão cheios de palavras?
Tudo parece que já foi dito e redito de novo e de novo e de novo, mudando somente alguns detalhes criativos de um sujeito para o outro. A “realidade” já foi exposta na cara dos olhos de quem quis ver, de quem quis ouvir, de que quis pôr as mãos na sujeira e se propôs a limpa-la, milhares de vez incansavelmente. Isso fez e faz toda a diferença, entretanto a essência do que é sujo continua intacta. Conseguimos relatar, mostrar, desabafar a doença, seus sintomas, mas por mais que se tente amenizar o estrago e se amenize de fato, ainda não se criou o remédio eficaz para cura definitiva. O que fazer então?