PRIVILÉGIO

PRIVILÉGIO

Solano Brum

10/10/1996

Hoje,

Neste mês de setembro, (segundo minha mãe,)

- Ano de dois mil e sete

e Com a bênção

Do Altíssimo Senhor -,

Completo, sessenta e seis anos

Esbarrando nas incrédulas palavras

Das pessoas que me veem – Ah! - Nem parece!

Todavia,

percebendo que o inútil

Até então não se fez presente,

Num milésimo de segundo, recapitulo,

Quadro a quadro,

O que na vida, me foi bom ou ruim.

Na verdade, tentei a perfeição!

Plantei árvores - Dentre as muitas,

Lembro-me o “Flamboyant”, de minha predileção;

Escrevi um livro - firmando o considerável;

Criei dois filhos;

E, como se não bastasse,

Já até me sentindo realizado,

Fiz de um pequeno espaço de chão

O pasto para muitos beija-flores e borboletas!

Fui,

As duras penas e sob o protesto

De alguns que não respeitam a Mãe natureza

e tentam tomar pra si, o que não lhe pertence,

O responsável direto

Pela permanência

De uma vertente

Em que águas claras

ainda dessedentam as terras!

Defensor de pássaros engaiolados,

- por minha individualidade -

Fui cavaleiro armado,

mal interpretado,

caçado

e por pouco condenado,

mas venci a guerra!

Quando aqui cheguei,

Ouvi gritos e risos...

Num parto complicado,

Minha mãe sentia dores

E eu nada via...

Para sentir nos pulmões o “Sopro de Deus”,

Gritei ao desfecho da “carinhosa” agressão

a qual me permitiu o fôlego!

Desde àquela época,

Cresci ouvindo os comentários

Do que se passava no além-mar;

Das causas e efeitos;

Dos corpos em putrefação;

Da tirania;

Da impiedosa condenação

À morte

Sobre a vida dos oprimidos;

Da verdade distorcida;

Da bomba criminosa;

Da panela de pressão (Temida por minha avó);

Dos avanços tecnológicos;

Das ondas eletromagnéticas;

Da Radiotelevisão;

Do muro da vergonha – sua ascensão e queda;

Do avanço da Genética e seu perigo constante;

Do glorioso esclarecimento

Através do Livro “Universo em Desencanto”,

“A Origem da Humanidade” – De onde viemos

E para onde vamos -;

Do bicho de “sete cabeças”

Bíblico, - a besta do fim do mundo,

Mastigado e engolido pelo dvd;

E, do sobrepujante computador

Que se reduz de tamanho

Em curtos espaços de tempo!

Foi mais que uma punhalada,

Ouvir - de um Continente longínquo -,

O pranto da fome negra...

Bem mais,

A ação humanitária aos famintos,

Mas, que somente trouxe fama e gloria,

Aos intérpretes da canção!

E enquanto o privilégio prorroga

Minha estada nesta vida,

Faço parte dessa corrente

Que conduz o ser humano,

- Do inimaginável,

À trajetória “X.”

Ah, desdenhoso século passado,

Em que alguns se esqueceram

Do Amor em Cristo,

E cometeram

Em apenas uma década

Vergonhosa carnificina!

Nesta senda, (junto com meu iguais...)

-Obedecendo a “fila” que anda,

Estarei.. Até quando?

- Só Deus sabe!

= = =

Solano Brum
Enviado por Solano Brum em 18/03/2016
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