LUGAR

LUGAR

Aqui me resto inapta para a vida,

Nem sonho, nem anseio, nem suspiro, nem nada.

Risco de giz volúvel, em tela de algodào dormente.

O escrito está na areia, a ideia está nas curvas da morte.

E o ouvido capta o som da cria que grita a vida.

Olhares turvos, fechai as pálpebras esquecidas de amor!

Fechai a luz de vossos quereres escuros para o dia de hoje!

Lugar do nada, ergue a palavra de braveza,

Decompõe o desejo de emudecer qualquer palavra,

Escrava da lavra brava, cravo cravado na lâmina.

Dá-me uma pouca de voz verdadeira, embora rasteira.

Conduze o sangue da vontade que , de soberana ,

tem nas mãos a calma.

E, de calma, alarga-se insuportavelmente segura,

Pelos ares e vales

Da paisagem indecentemente bela.

A vida vive,

A morte amortece o toque na pele,

E eu,

Aceno do adeus,

Desenho o ocaso,

Fluido,

Ruído impreciso,

Rabisco diluído!

Helena Helena
Enviado por Helena Helena em 15/03/2016
Reeditado em 03/04/2018
Código do texto: T5574964
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