LUGAR
LUGAR
Aqui me resto inapta para a vida,
Nem sonho, nem anseio, nem suspiro, nem nada.
Risco de giz volúvel, em tela de algodào dormente.
O escrito está na areia, a ideia está nas curvas da morte.
E o ouvido capta o som da cria que grita a vida.
Olhares turvos, fechai as pálpebras esquecidas de amor!
Fechai a luz de vossos quereres escuros para o dia de hoje!
Lugar do nada, ergue a palavra de braveza,
Decompõe o desejo de emudecer qualquer palavra,
Escrava da lavra brava, cravo cravado na lâmina.
Dá-me uma pouca de voz verdadeira, embora rasteira.
Conduze o sangue da vontade que , de soberana ,
tem nas mãos a calma.
E, de calma, alarga-se insuportavelmente segura,
Pelos ares e vales
Da paisagem indecentemente bela.
A vida vive,
A morte amortece o toque na pele,
E eu,
Aceno do adeus,
Desenho o ocaso,
Fluido,
Ruído impreciso,
Rabisco diluído!