O POEMA É UM OVNI
O poema contempla o mundo
Feito um pássaro impossível
Que sobrevoa a infinitude de um abismo
O poema bebe de todas as taças
Desde a mistura suicida de formicida com guaraná
Ao néctar servido nos banquetes do Olimpo
O poema descreve a vida com imprecisão
Tecendo enredos confusos e inusitados
Onde narra histórias de solidões e ausências
O poema é um incrédulo do óbvio
Não alimenta crenças nem ideologias
Trafegando na contra-mão de todas as certezas
O poema é trovão estrepitoso
Boca que anseia todos os beijos
Um bovídeo a ruminar à sombra
O poema é estilingue e vidraça
Todas as paixões amalgamadas a fogo
Um peixe medroso de colete salva-vidas
O poema é um corpo nu em pelo
Mãos cobrindo o rosto em sinal de pudor
Doido que entoa serenatas à estrelas cadentes
De verdade, ninguém sabe o que é o poema
Talvez, uma espécie de objeto voador não identificado
Que cruza os céus apenas visível para poucos. . .
- por JL Semeador de Poesias, na noite de 10/02/2016 –