poemas romenos- cluj papoca
26 de outubro de 2013 5:45 à caminho de Vintu de Jos
O expresso da inteira noite
As janelas sujas e embaçadas não permitem ver lá fora
E nem mesmo dentro de mim
Velhos romenos de boinas dormem
Jogados sobre os bancos do trem
A inteira escuridão da noite romena
Desabou sobre a minha alma
Palavras estranhas sussurradas
Formando novas palavras
E se perdendo nesta mesma solidão
Mas estas palavras não são e nem soam menos estranhas
Que aquelas que você inventou para me machucar
Nem são mais nem menos solitárias
Somente estranhas, talvez até menos estranhas
São quase humanas ou desumanas sei lá
Simulacros daquilo que um dia chamamos de humanidade
Os jovens romenos que cantavam Love my life do Quen no barzinho da peatonal Potaissa
Ainda tem algo a dizer ou a cantar possível de se entender
Eu e os velhos do trem não temos mais nada para dizer ou para cantar que possa significar algo
Somente esta maldita negritude suja e embaçada
Somente este choro antigo da velha camponesa
Com o mau odor do corpo ou das palavras não faladas
A incrível capacidade de sofrimento
Nada a fazer ou a falar senão sentir o medo da aproximação da morte
Somentemente nada a fazer
Somentemente nada a falar
Somentemente o triste balançar do trem da eterna noite
Sussurrando em nossos ouvidos cansados de tanta dor, de tanta vida
Tata tata
Tata tata
Tata tata
(balançar a poesia)