CUIDAR
Cultivar as flores estáticas do medo?
No antigo jardim, em irregulares canteiros,
Não cultivávamos segredos...
As raízes penetravam a terra simples e útil,
as hastes cresciam dóceis e fáceis.
A casa no meio das luzes abraçava
o zunir dos insetos inocentes,
o soprar do respiro suave da aragem,
aquilo tão frágil dos dias dormentes.
A manhã nasce e o ar aparece,
o dia se estende e o sol cresce,
a tarde arde e a vida perece,
a noite salva e promete a alva.
Que o viver permaneça intacto
nas unhas afiadas dos céticos,
nas curvas fechadas dos inóspitos,
nos lamentos doces dos sofridos,
e,
em minha voz,
quieta, dolorida,
saudosa
da vida.