O IMAGINÁRIO ou VIDA POUCO AJUIZADA
Vivemos num mundo instável,
Mentindo para nós mesmos,
Mas, no curso do viver trivial,
Somos sempre o que praticamos
Nos relacionamos, como num teatro,
Cada palavra ou gesto a exigir tradução.
O sentido de tudo é um quadro
Que escondemos no fundo de um porão.
E diante da vida, a exigir normalidade,
A loucura pode ser a única saída.
A nossa mais expressiva realidade.
Vida bem vivida, é muito pouco ajuizada.
E quando as palavras, por inúteis,
Perdem completamente o sentido,
Pensamento bloqueado na raiz
Da lucidez, só a arte nos revela o segredo.
- por José Luiz de Sousa Santos, em homenagem aos filósofos Edgar Morin (*1921/ . . .) e Ernst Cassirer (*1874 / +1945), e à médica psiquiátrica Nise da silveira (*15/02/1925 / +30/10/1999) -