EU AMO
Eu amo tudo o que é,
Tudo o que responde pronto
Ao que vejo e toco.
O calor que arde agora,
A música que ondula agora,
O agora que sacia a sede,
O ar que alenta a pele,
E que esfria a chaga,
Apenas por soprar de leve...
Como a criança que consola a outra,
no beijo de mãe aprendido.
Amo o que parece
e talvez nem seja.
O brilho da flor no não-jardim,
o perfume da pele no não-tocar,
O som da toada no não-ouvir,
O sabor da água no não-sentir.
Eu amo o saber de perecer
em rios transbordantes, no cio.
Peixes moribundos em boca de ursos errantes,
predadores das dores constantes,
sem fim.