EU AMO

Eu amo tudo o que é,

Tudo o que responde pronto

Ao que vejo e toco.

O calor que arde agora,

A música que ondula agora,

O agora que sacia a sede,

O ar que alenta a pele,

E que esfria a chaga,

Apenas por soprar de leve...

Como a criança que consola a outra,

no beijo de mãe aprendido.

Amo o que parece

e talvez nem seja.

O brilho da flor no não-jardim,

o perfume da pele no não-tocar,

O som da toada no não-ouvir,

O sabor da água no não-sentir.

Eu amo o saber de perecer

em rios transbordantes, no cio.

Peixes moribundos em boca de ursos errantes,

predadores das dores constantes,

sem fim.

Helena Helena
Enviado por Helena Helena em 16/01/2016
Reeditado em 10/02/2021
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