ESCREVE
Mãos livres desenham as letras
que saem dos olhos, da boca, da alma , do coração,
dos pés, das costas, do umbigo,
do ventre, de cada fio do cabelo,
e muito da ponta dos dedos,
de dentro de cada medo
calcado em todo o seu dia
e plantado atrás das árvores, dentro da escuridão.
Crescem de sua busca de histórias,
de seu respiro furtado,
de seus dias mal passados,
tal a carne núcleo sangue
de sua indignação.
Assim nasce a poesia,
enquanto anjos tortos e anjos retos,
desses que vivem no chão,
tentam um voo arremedo
e flanam sobre seus dias,
soprando em seu ouvidos
segredos da Criação.
Nem sempre dizem a verdade,
talvez nunca a tenham dito!
Nada importa, transforma tudo,
essas letras forasteiras
plantam o seu jardim,
o único a que canta/diz/ sussurra
o rarefeito do SIM.