ESCREVE

Mãos livres desenham as letras

que saem dos olhos, da boca, da alma , do coração,

dos pés, das costas, do umbigo,

do ventre, de cada fio do cabelo,

e muito da ponta dos dedos,

de dentro de cada medo

calcado em todo o seu dia

e plantado atrás das árvores, dentro da escuridão.

Crescem de sua busca de histórias,

de seu respiro furtado,

de seus dias mal passados,

tal a carne núcleo sangue

de sua indignação.

Assim nasce a poesia,

enquanto anjos tortos e anjos retos,

desses que vivem no chão,

tentam um voo arremedo

e flanam sobre seus dias,

soprando em seu ouvidos

segredos da Criação.

Nem sempre dizem a verdade,

talvez nunca a tenham dito!

Nada importa, transforma tudo,

essas letras forasteiras

plantam o seu jardim,

o único a que canta/diz/ sussurra

o rarefeito do SIM.

Helena Helena
Enviado por Helena Helena em 07/01/2016
Reeditado em 26/09/2017
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