o roubo do palhacinho
Mãos fortes encontram a barra da asa delta
A janela aberta expõe a intimidade do poeta
Mãos sujas agarram aquilo que está mais próximo
O infinito estará muito mais além e julgara
Olhos remelentos de drogado
Mulher remelenta de drogado
Mãe que encobre o crime do palhacinho
Mãos que estão cobertas de ódio
Abro a porta cinzenta de um novo amanhã
Tento ser um novo São Francisco
Mas sou só Luiz, São Luiz
Amanhã estarei de novo na Fazendinha
Orando e transando com a senhora do Miqueleto
Bebendo o meu Dimel com os amigos
E entediado com esta vida Severina
E com o roubo feito pelo meu vizinho drogado
Mães sujas encobrem a fraqueza dos filhos
Meu palhacinho da asa delta voando na sujeira deste lar
O coração do poeta não agüenta, quer voar
Mães sugam todo aquele sangue que restou do meu coração
O finito esta muito próximo e mata
Respiração ofegante de drogada
Olhar repelente de serpente
Meu palhacinho abandonado
Nas mãos que estão cobertas de ódio
Tranco a porta violentamente para um novo amanhã
Tento ser de novo um poeta
Mas sou só Luiz, Jeca Kerouac
Nunca mais estarei na Fazendinha
Mijando e cagando na igreja do Miqueleto
Mentindo estórias de sexo e cruz com os amigos
E endiabrado dentro desta vida dionisíaca
E querendo acabar com o meu vizinho drogado