A BALA
Ela fere todo os dias
no mercado
na fila
no trânsito
na confusão
Ela fere todo o tempo
na cama
na mesa
no tapete
dentro da televisão
Ela fere sempre
no conformismo
no idealismo
na culpa
na transformação
e ficam,
às vezes,
os dentes,
a boca,
uma perna
um corpo sem coração
e vão
os sonhos,
os amores,
o pulso
a transpiração.