QUANDO CHOVE
Devagar se apaga o sonho,
a alma ficou cansada.
Fecha a folha de teu livro,
palavras perdem o sentido.
Tu repetes e te repetes
em cada som. O suor
da estranheza molha tudo.
Mas não os olhos. Eles
ficaram secos para sempre.
E, cegos para sempre,
restam inúteis tão bem.
Descorados e em ocos.
Fazendo sulcos no ar
Uma pouca de luz treme
E transfere o nu calor
Para a semente do nada.
Então começa a chover...
Não é sangue, não é água...
Gotas cinza transparentes
O resto de alguma mágoa...