QUANDO CHOVE

Devagar se apaga o sonho,

a alma ficou cansada.

Fecha a folha de teu livro,

palavras perdem o sentido.

Tu repetes e te repetes

em cada som. O suor

da estranheza molha tudo.

Mas não os olhos. Eles

ficaram secos para sempre.

E, cegos para sempre,

restam inúteis tão bem.

Descorados e em ocos.

Fazendo sulcos no ar

Uma pouca de luz treme

E transfere o nu calor

Para a semente do nada.

Então começa a chover...

Não é sangue, não é água...

Gotas cinza transparentes

O resto de alguma mágoa...

Helena Helena
Enviado por Helena Helena em 25/12/2015
Reeditado em 17/05/2018
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