A VERDADE CHOROU. . .
A verdade
travestiu-se de esperança
e saiu a caminhar
feito criança perdida
que fugiu do olhar da mãe
destemida
à cata de aventura
até que ao final do quarteirão
descobriu que o mundo
era imenso
um novelo de ruas
colméias de gente
automóveis neurastênicos
e impiedosos
perigos por todo lado. . .
Após cair em si
diante do desconhecido
que se entremostrava adiante
a verdade quis retornar
ao ponto de partida
mas já era tarde
não sobrara
nenhum rastro
nenhum rosto
ou prédio conhecido
apenas a solidão das ruas
e um pedaço
desprotegido de calçada
para pernoitar. . .
Ali abandonada
roupas em frangalhos
olhos esbugalhados de espanto
por muitos violentada
a verdade entristecida
tem atenção despertada
por um cortejo embandeirado
precedido por batedores
centauros modernos
em suas motos reluzentes:
- era a mentira que desfilava
com seu séquito de políticos
religiosos e militantes diversos
enfeitados com gravatas da hermes
ternos armanis
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sandálias havaianas
aparentando humildade. . .
A verdade
diante da cena
cabeça entre os joelhos
em desespero
chorou! . . .
- por Hans Gustav Gaus, heterônimo de JL Semeador de Poesias, em 11/12/2015 -