A POETA/ A POETISA

Não a veste o conforto

da poeta ou poetisa.

A toga perfeita, exata,

pende torta, estrangeira,

Sobre o risco pontilhado

Do rascunho de seu corpo.

O armário à sua frente

Apresenta opções.

Para a poetisa:

Toga pintada de estrelas,

outra de orações.

Uma só para amores

Cercados de dor e flores.

Para a poeta:

A toga com luz e sombra

e, em outra, os horrores:

males da alma, da palma,

as mortes de cada dia,

os pesadelos da tarde

E a dos fantasmas da noite.

E a maior, a da solidão,

Rebordada em pedraria.

E muitas mais,

ajambradas,

desenhadas,

bem cortadas.

Nem poeta , nem poetisa.

Recusa, não aceita nada.

Vai nua, envolta em névoa,

Vai só com suas palavras.

Helena Helena
Enviado por Helena Helena em 07/12/2015
Reeditado em 07/12/2015
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