Deserto

Desertificados pelas agruras da vida,

Cujo sol escaldante não tem dó,

Exauridos sem umidade retida

Vi tantos sonhos virarem pó.

Não crescem rosas nas almas ressecadas,

Ficam sem perfume e sem beleza,

Desencontram-se e sofrem angustiadas

Destroem-se em respeito à natureza.

Mesmo com ventos de versos contra

O cacto produz alguma flor

E o roedor nem sempre se amedronta

Até na adversidade deve-se salvar o amor.

A areia em tempestades não previstas

Fecha-me em mim a esperar o incerto

Sufoca-me e me obriga a cegar as vistas

Sem ver, miragens brotam no meu deserto.

A chegada da noite o calor ameniza,

Repouso em mim solitário e pensante

Sonho sentir uma leve brisa

E cheiros de amor que me façam amante.

Classificado em terceiro lugar no apogeu poético da AVL. Tema: deserto

Moacir Luís Araldi
Enviado por Moacir Luís Araldi em 06/12/2015
Código do texto: T5472277
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