LIMPO ATO
Ah! Deixa-me deitar sobre a grama molhada,
Deixa-me ficar verde em toda aspereza,
Deixa-me fechar os olhos em ritos lá de fora,
Deixa-me restar sobre a terra aquosa, quase lama.
Quero estar em silêncio sobre a cama,
Quero fechar os ouvidos com suspiro,
Apertar entre as mãos as vãs lembranças
Que adulteram a luz do dia em retiro.
A boca em ríctus , a vontade alterada,
O tudo, o nada sem batalha,
Com todo o poder de tal mortalha.
Venha a fera aberta em pronta garra.
Cantei, canto, estou cantando.
Fiz, faço, estou fazendo.
Mas...
Neguei, nego, estou negando.
Morri, morro, estou morrendo.
Furacões, tornados, chuva mansa,
Derretam o meu corpo, minha alma,
Embrulhem meu querer em seda fresca,
Matem meu desenho em limpo ato.