Abel

Abel, estive aqui no teu palheiro.
Vi, até amoras comi.

Ali têm outro sabor.
Sabiam-me a paz, harmonia e alguma alegria.

Monges de outrora ouvi as preces dos monges
de agora.

No teu palheiro não conta dinheiro, és rico
por natureza.

Um poeta a cantar as belezas do lugar.
Serras, montes, mil fontes.

Vacas a ruminar.
Olhos de ver a pastar.

Abel escolheste bem o lugar que te convém.
Conheces como ninguém o sabor que o
silêncio tem.

Lita Moniz