LÁ FORA
Flanei pela cidade,
fui, sem mapa, até o marco zero,
lá, onde tudo foi e é.
Ausente de mim mesma,
Caminhei invisível por entre o silêncio da árvores,
o barulho dos carros, a dança dos passos.
Engoli um pouco do mundo,
Respirei um gole de vida,
Avistei os aromas dos gestos.
Na pele ardeu a vertigem do dia.
A inevitável água cantou seu morno hino.
A TV ficou em casa falseando a vida.
Na TV , cega companhia, calado calor.
Na TV, fiel maresia, dormência tranquila.
Na TV, guardada a luz, coberta fria
Fui pelas ruas em busca do zero ateu nulo,
o nada que deságua no vácuo sem dor.
Sem o corpo que de dor em dor busca
a perfeição que
busca a alma inteira,
liberta , própria.
Quem disse que inventar a vida é quero?
Quem disse que passar por outro é vero?
Quem disse que quem disse é mero?
Fiz um passeio,
receio!
Melhor retomar a lida,
Vida de permeio.