Amanhecer do sonho
É como se o sonho estendesse seus braços
Fazendo o pó d’alma refletir contra a luz
E inconscientemente soltasse os seus laços
Aconchegando-se naquilo que seduz.
O dia esperado insiste em não nascer,
O desejo jejuado desmaia sem solidez,
O galo não canta. O que o fez esquecer?
Duvido que não tenha sido a sua timidez.
Distante, no horizonte, surge escassa,
Uma réstia breve de luz matinal,
Trás bordado no colo do céu em lasca
A ponta da lua, brilhante como aurora boreal.
O sol distante levanta o sonho feliz
E o dia devolve ao poema a serenidade
E o verso, feito vertentes de águas em chafariz,
Espalha-se como luz fugaz de felicidade.