DIGNIDADE
Quem será esse homem que passa altivo?
Nos olhos o orgulho de negra beleza
faz refém sua alma nessa fortaleza.
De tão nobre porte, qual anjo cativo.
Aos seus passos suspiram os grãos de areia,
sob a trilha ardente do rastro deixado,
reforça o acordo com a mãe terra firmado
de acolher seus torrões como glóbulos na veia.
Os seus braços em movimentos de rara harmonia
trazem nas mãos calejadas a constância da luta,
que vitória só dá a quem firme labuta,
qual batuta regida com tenaz maestria.
Quem será esse homem de ombros erguidos?
O semblante guerreiro tem o fascínio do bravo,
que senhor nas batalhas, do amor é escravo.
Tem a beleza do bronze de modelo esculpido.
Na têmpora descansam alguns fios de prata
-louros marcando das primaveras a conquista,
que é do forte a coroa que o fraco cobiça,
mas a esse a inglória é ao viço ingrata.
Nos lábios crispados a marca da dor,
que forja o caráter e é mestra extremosa,
punindo àqueles de fé duvidosa,
louvando àquele que a supera em ardor.
Mas, quem é esse homem de andar decidido,
que o traje humilde a realeza não dobra?
E o que é o fútil quando virtude lhe sobra
e a fartura de espírito o faz destemido?
- Eu sou tua herança contra a iniquidade,
tua arma certeira, teu bem mais precioso,
o alívio do acerto em caminho duvidoso.
Resgata-me, homem! Meu nome é Dignidade!