PRIMAVERA NO SUL
Quase perdi o trem.
E o trem passa devagar por aqui,
enquanto a noite se faz.
Uiva na tarde, convidando os dedos da escuridão.
Sem a lua,
a noite brilha em equação de segundo grau.
+ ou - b, raiz, quadrada.
E piso a grama para perder o comboio.
O menino morre na praia. Ai!
O passarinho morre no meu degrau,
pois o veneno dança no ar. Ai!
Há veneno no lagar.
De quanto se fizerem os sonhos
o vinagre impera.
Balsâmico vinho acre
a pensar as chagas
de meus estratificados pensamentos:
Alimentos, condimentos.
Puro, neutro cimento.
Tudo já é o encontro
ou o desencontro,
Faixa desenhada no ar!