PRIMAVERA NO SUL

Quase perdi o trem.

E o trem passa devagar por aqui,

enquanto a noite se faz.

Uiva na tarde, convidando os dedos da escuridão.

Sem a lua,

a noite brilha em equação de segundo grau.

+ ou - b, raiz, quadrada.

E piso a grama para perder o comboio.

O menino morre na praia. Ai!

O passarinho morre no meu degrau,

pois o veneno dança no ar. Ai!

Há veneno no lagar.

De quanto se fizerem os sonhos

o vinagre impera.

Balsâmico vinho acre

a pensar as chagas

de meus estratificados pensamentos:

Alimentos, condimentos.

Puro, neutro cimento.

Tudo já é o encontro

ou o desencontro,

Faixa desenhada no ar!

Helena Helena
Enviado por Helena Helena em 03/10/2015
Reeditado em 25/10/2018
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