Agora que vou viajar

Agora que vou viajar

eu avalio o que deixo, e o que levo, e para aonde vou...

Não tenho vontade de ir, mas muito menos vontade de ficar,

e lá tem o mar...

Ah! o mar, o mar e o esquecimento, como seria bom esquecer

diluir tudo num grande mar calmo e noturno...

Mas não, não é possível, preciso é aprender a viver com essa bagagem que fui juntando, preciso é... Mas ela torna a vida tão lenta...

Vou viajar hoje a noite,

durmo e não vejo a viagem,

para que mais estas lembranças a me ocuparem o pensamento,

esses pedintes, esses bêbados, esses jovens, essas mulheres, ah

esses velhos, essas pessoas e coisas... não, não quero lembrar delas,

dos seus olhos comunicantes, que me dizem seus sonhos

e suas frustrações, e suas angustias agudas que se instalam no meu coração dolorido... não, prefiro ir dormindo,

mergulhado no mar de minha própria noite escura....

Vou em silencio,

e lá me vai buscar um amigo,

e depois talvez andemos a beira da praia, sentindo o vento,

mas sem molhar os pes, e quem sabe conversemos,

quem sabe?

Mas, conhecendo meu amigo,

muito provavelmente escutaremos, ele e eu,

cada um de nós uma canção que vem de longe,

de lá depois do mar,

do sem fim,

como se apenas o que é infinito pudesse nos bastar...

Sebastião Alves da Silva
Enviado por Sebastião Alves da Silva em 02/10/2015
Código do texto: T5402317
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