SEM QUALQUER FLOR

Impresso no peito, o cão.

Animal, estou enrodilhado em palhas.

Para o que me coloquei neste escaninho?

Lua, ouve meu uivo sentido?

A dor se constrói num lugar em que o nada comanda.

E de nada e de olhar vazio se faz o caminho.

Passeio entre pernas paralisadas.

Meu faro espreita o adocicado da morte.

Meu sentimento canino

lambe sem pudor as feridas abertas.

Cauda decepada.

Nenhum abano chamará o amanhecer.

Helena Helena
Enviado por Helena Helena em 02/10/2015
Reeditado em 22/06/2018
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