ARREPENDIMENTO
Morro de ciúmes,
Não soube dizer.
Morro de amor,
Nem posso contar.
Morro de dia,
Até a noite chegar.
Morro à noite,
Onde o dia findará.
Morro por você,
Mas a graça é viver.
Morro por mim,
Chantagem não há.
Morro de fome,
Nem sei saciar
Morro de sono
Não vou descansar.
Morro de sede
Parei de beber
Morro de verdade
Acabei de nascer.
Se assim, confuso,
Eu demoro tanto
A lhe reconhecer
Eu morro e me mato
Eu rasgo o retrato
Do tempo passado
Em que não tinha você
Ou se assim, desajustado,
Eu recorro ao futuro
Dando tiro no escuro
Mato o tempo errado
Eu preciso, de fato,
Exibir um jeito inato
De me fazer lhe compreender.
Escrevo em desespero.
Rabisco o dia inteiro,
Palavras que ninguém lê.
O que importa é que faço
Da corda que você me dá um laço
A nunca mais desatar.
Se eu pudesse ser mudo
Saberia lhe fazer mais feliz.
Mas eu falo tanto
E me empolgo tanto
E me exagero tanto
Que passei a assustar.
Mas eu mudo o meu jeito desmudo
Calarei a boca do mundo
Com o meu olhar caramujo
Que carrega o lar na cabeça
Para que nenhum de nós se esqueça
Onde o nosso amor vai morar.
Eu morro de ciúmes quando você não me olha.
Eu morro de amor por você.
Eu morro de paixão
Eu morro pelo amor de Platão.
E morro pouco a pouco e aos pouquinhos,
Quando me lembro do grito que dou,
Quando sei que o melhor do silêncio
Era o carinho que você esperou.
Morrerei se eu não lhe souber lhe ter novamente
Morrerei pelo amor de Romeu
Se você não for a Julieta dos dias meus.
E aí morrerei novamente,
Aprendendo a chegar eternamente
Tão repente a desarranjar o sorriso seu.