COMPROMISSO
Que a minha impaciência se torne flor
Flores urgentes e descoloridas
Daquelas que nunca servirão para enfeitar.
Que a minha rudeza desencontre o nosso caminho.
Que os meus medos nunca sirvam de coragem.
Que os meus devaneios não lhe escondam o sorriso,
Que os meus suplícios não lhe assustem o olhar,
Que os meus defeitos não lhe tirem a atenção,
Que o meu peso não lhe roube a leveza.
E que cada desgraça que eu faça se torne cacos
Daqueles em que se pode até pisar.
E que cada ferida entreaberta se transforme em fumaça,
Cicatrizando as suas angústias.
E que cada mazela se converta em verdade
Verdadeiramente mentirosa
Para que não se possa iludir.
O nosso amor é um pouso.
Encosta a sua cabeça em meu peito e pulsa
Coração ao pé do ouvido é música
Melodia para quem ama escutar.
Que a minha intransigência seja verso mudo
Discurso para surdez nenhuma recusar
E sirva para as palavras que jamais serão ditas.
Que a minha frieza não congele os seus sentidos.
Que a minha parafernália nunca ocupe o seu espaço.
Que a minha pobreza jamais paralise as suas viagens.
Que a minha pujança nunca lhe faça sentir-se a menos.
Que a minha falta de jeito não lhe tire pra dançar.
Que o meu pesadelo nunca invada o seu descanso.
E que cada reação crua que tenho seja breve
De um modo a não se ter como contar.
E que cada partida possa ser a hora do retorno
Saudade e esquecimento
Nunca façam parte do caminho.
Coloca a sua foto em minha moldura e entenda:
– apenas me contento em ser retratado
Pela sua visão de mundo!
E montaremos roteiro pelas ilhas gregas,
Faremos uma parada na África do Sul,
E depois o pôr-do-sol na Normandia e o seu nascer no Japão.
Agora que limpamos
A nossa trilha
O nosso chão
A nossa vida
Agora que varremos as impossibilidades
Agora que sacamos os dormentes
Agora que implodimos as incertezas
Agora que acabamos com as indiferenças
Sejamos nós a resolver
O que nós e somente nós
Podemos.
E queremos.
O nosso amor é um pouso.
Deita aqui na minha vida.
Sabemos, nenhum de nós vai querer levantar.