MARIVALDO AGONIADO
Precisou vasculhar o interior de si.
Sem nada achar, chamou cães.
Farejadores.
Farejaram dores, amores mofados,
e muitos, muitos bilhetinhos amarelados.
Pelo tempo e pela vergonha de terem sido.
Escritos.
Mas nada que fosse mortal.
Como a desesperança, a indiferença
e a insegurança que a felicidade traz.
Caiu em si, finalmente.
Sem se machucar.