A METADE INTEIRA

Amo-te pela metade.

Pois, assim te amando,

Eu me sinto inteiro.

Vem morar comigo

A gente divide a casa

A gente atravessa o tempo.

Calas-me com um beijo.

Falas-me pelos sorrisos.

Ouço-te pela imaginação.

Teu olhar é uma catedral

E por ele me ajoelho

Imploro caído que me percebas.

Tu tens outras ideias

Tu és de uma alma completa

E eu aqui inteiro pela metade.

Amo-te tanto que não me caibo

Amo-te dormindo em meio à insônia

Penso pelo coração se ele para de bater.

Temes tu que o meu amor acabe, eu sei.

Enquanto tremo de pavor que ele termine comigo.

Pois amar é convocar os sonhos.

E os sonhos se pesadelam

Se a gente acorda pra vida

E delira que os sonhos se findam.

Mas, delírio, esse, não tenho.

Não sei de lealdade insidiosa.

Demudo a sensação se assim te preza.

Há poeta que guarda rebanhos,

Outro que coleciona caminhos.

E quem não sabe fazer poesia?

Feito eu, me convulsiono.

E tudo aqui dentro faz revolução.

É o amor que depõe os reis do meu passado.

O amor impõe pelo absolutismo.

E não há guilhotina que o decepe.

Tampouco jacobino que o negue.

Já chorei demais por isso.

Quisera agora pudesse apenas sorrir.

E te fizesse sentir o que sinto.

Viste tu umas lágrimas, inclusive,

Chovia tanto, era raio pra lá e cá,

E de repente fizeste tu de abrir o céu.

Lembras? – sorriso de arco-íris!

Calavas-me beijando

A fala que eu despejava febril.

Calas-te a mim com um beijo.

Tenhas paciência então,

Pois eu não paro de repetir palavras.

Ou uma coleção de beijos.

Para que eu fique mudo.

Escutando o seu amor inteiro.