Gaúcho mateando – Rio Grande do Sul
TRINCANDO OS DENTES DE FRIO
Faz um baita frio aqui,
um minuano permanente
vento frio e persistente
que me faz bater o queixo,
o gelo deixa um facho
no branco vivo da cor,
meu corpo sofre em dor
pela baixa temperatura
friagem nessas planuras:
Rio Grande amado que quero!
até os guardiões quero-queros
não conseguem abrir o bico,
do meu jeito, lhes explico:
o inverno é duro de agüentar
para não encarangar
ou até morrer de frio
e nem sentir arrepios
doem pés, mãos e garganta,
minha alma se levanta
com caipira, conhaque e vinho,
com um sopão forte e quentinho,
e também com uma feijoada,
empurro uma flor de gemada
com ovo de avestruz,
fino trato me conduz
a um churrasco de luxo
e assim, nesse fluxo
sampo um mel com canha pura,
a graspa é aposta segura
para espantar a friagem
que enfrento com coragem
junto ao fogo de chão,
de pronto, meu chimarrão:
bebida tradicional!
Minha prenda jovial
aquece os meus pelegos
me cobre de amor e achegos
na alma do bem querer,
não me deixando sofrer
dando-me até banho quente
e cuidando desse vivente
para meu couro não encolher!