DO POUCO QUE TENHO
Me assustam os horários do tempo.
Não me socorrem mais as
ladainhas e os milagres em ser.
Vejo a vida como ela é, assim
atribulada, sem nexo e razão.
Não ouço sermões como ouvia.
Nem promessas de céus fazem mais
a minha cabeça.
Descreio de melhoras.
Meus amigos foram-se quase todos.
Meus pais, tios, compadres, idem.
Restam-me, além de afeições familiares,
parcas plantas,
alguns poemas e esboços de poesia.
Isso me parece tudo.
Alegre ou triste, bom ou mau,
é o que tenho. E me basta.