DO POUCO QUE TENHO

Me assustam os horários do tempo.

Não me socorrem mais as

ladainhas e os milagres em ser.

Vejo a vida como ela é, assim

atribulada, sem nexo e razão.

Não ouço sermões como ouvia.

Nem promessas de céus fazem mais

a minha cabeça.

Descreio de melhoras.

Meus amigos foram-se quase todos.

Meus pais, tios, compadres, idem.

Restam-me, além de afeições familiares,

parcas plantas,

alguns poemas e esboços de poesia.

Isso me parece tudo.

Alegre ou triste, bom ou mau,

é o que tenho. E me basta.

EDSON PAULUCCI
Enviado por EDSON PAULUCCI em 13/05/2015
Código do texto: T5241038
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