O DOMINGO É QUALQUER DIA

O domingo pode ser qualquer dia

ele foi feito para o homem transbordante de cores

dentro das almas

sangue latejando nas veias

esguicho de fonte termal

neve que se rola no frio da manhã

onda de Ipanema em que se surfa de peito.

O domingo é uma estalagem

à beira de uma estrada vazia

que cruza um deserto de ponta a ponta

uma meretriz carinhosa que promete romance

um livro empoeirado que se encontra na estante

contendo o segredo da vida

um Hierofante que nos ensina a lidar com Chronus.

Nada mais quero do domingo

se não cismares e preguiça

almoço fora de hora

e um torpor benfazejo

que me desperta o sono

me arrastando pras dimensões do não-ser

de onde retorno confuso e sorridente

algo entediado e triste

enquanto cai a tarde

e outra vez

o domingo de mim se despede.

(por JL Semeador de Poesias)