Maria Isabel Rosete
24 de abril às 22:13
"ESCREVE!", por Isabel Rosete
«Estou de pé ao Luar do Mar
E esta Miséria de não-Ser Omnipotente –
Uma personagem demoníaca que apareceu,
Hoje, na minha Vida ‑ persegue-me.
Mando-a embora.
Insiste em ficar, sem desistir.
Quer-me aqui, ali… em todos os lugares
Deste ou de qualquer outro Universo,
Sempre firme e determinada na Minha IDENTIDADE,
Para Pensar o ainda Não-Pensado,
Para Escrever o ainda Não-Escrito,
Para Dizer o ainda Não-Dito.
E insiste:
‑ Tens de ser a VOZ do TEU TEMPO
E de TODOS OS TEMPOS!
NUNCA TE CALES!
NUNCA DESISTAS!
(Grita-me com os olhos esbugalhados);
‑ Não te agoures com as Medíocres
E Maledicentes vozes alheias
Que sobre Ti lançam Indignos Rumores,
Que sobre Ti Praguejam,
Que são Tuas opositoras (Malditas!)
Por Inveja de não serem Quem Tu És!
(Aconselha-me convictamente).
E insiste:
‑ ESCREVE! ESCREVE! ESCREVE…!
Escreve as tuas Memórias os teus Desejos,
Todos os teus Pensamentos, primando por essa VERDADE
Do DIZER que te caracteriza,
Mesmo que Cruel para todos os outros!
ESCREVE sempre que a Tua VONTADE-DE-PODER
Se revele em Ti, da mesma forma imperativa com que TE FALO!
(Grita, ainda mais alto, com os olhos ainda mais esbugalhados,
Esbracejando violentamente).»
Isabel Rosete, In "FLUXOS DA MEMÓRIA", de Isabel Rosete