Pátrios em guerra
Minha pátria entrou em guerra
De causa quase desconhecida
Tornou-se conflituosa, estarrecida
Em teus generais o ódio impera
No espelho o inimigo refrata
Ante o pilar da subversiva ética
Refletindo inequívoca estética
Burguesia de moral embaçada
Tudo é farpa e ofensa
Apequenaram a civilidade
Conturbaram a honestidade
Tudo é rancor e desavença
Não há mais brasilidade
Tudo é proveito e descrença
Tudo é confronto e recompensa
Destemperança e vaidade
Idolatrada, salve-nos, salve-nos
Deste torrão ademais abrasador
Nada mas contém o desamor
Dos colossais filhos impávidos
Rosas híbridas de purpura cor
Sangraram os salões do relicário
Onde jazem impuros abonatários
Maquinando discórdia e dissabor
És mesmo terra muito adorada
Cada filho te inquere o quinhão
Escarafuncham o erário do florão
Riquezas da partilha desigualada
Paz no futuro! Tem custado chegar
Cada vez mais, borrachas no passado
Salve-se, salve-se berço amado
Meu Brasil de incorruptível penar
(Carlos Roberto Felix Viana)