Naftalina

Vestiu-se cheirosa de naftalina

No âmago um sonho dos tempos de menina.

No toca fitas o som da ilusão

Um gosto frio de café.

Um ruído sem refrão

Cheiro mofado de cabaré.

Uma algazarra de todo lado

Lábios duplos avermelhados

Fumos da sala pelo ar espalhado.

No armário suas nove horas.

Uma voz bêbada e um trocadilho hilário.

Teve o remorso corroendo

Frustrou o sonho de ser amada

Suicidou-se tanto

Que acabou morrendo.

Moacir Luís Araldi
Enviado por Moacir Luís Araldi em 08/03/2015
Código do texto: T5162478
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