UM DIA DE CÃO.
UM TRÂNSITO INFERNAL/ ant.herr. port.
Gente andava apressado,
Aguardavam o semáforo
As luzes acender
Liberando a passagem
Transeuntes corriam rápidos
Pra chegar do outro lado.
Um congestionamento terrível
Um trânsito que andava lento
Motoristas estressados
Palavrões pra todo lados
Difícil entender
Esta gente entediada,
Indo aos abraços da morte
Desfazendo-se da sorte
Se apressando pra morrer.
Em meio a este tumulto
Um fato interessante
Vinha acontecer,
Enquanto estes humanos
Gradeavam se e se apegavam
Em brigas de má querência
De posse de suas máquinas
Valentes e assassinas
Escapamentos em fumaças
Fazendo poluições,
Prejudicando a saúde
Maltratando as narinas
Envenenando os pulmões.
Os barulhos ensurdecidos
De altas acelerações.
Um pobre cão vira lata
Cruzava na contra mão
Tão inocente precavido
Arriscava sua vida
Atravessando pelo chão.
Ao outro lado da via
Buscava e nem temia
Em meio a confusão
Mas o cãozinho danado
Não dava conta de nada
Do perigo a passar
E no outro lado da rua
Em triunfo e alegria
Sua vida foi salvar.
Motores aceleravam
Buzinas gritando em berros
Motoristas falavam alto
Exaltando estressados
Alguns com revolver nas mãos
Dirigiam a outrem
Palavras de baixo calão
Dizia que o fulano
Teria que ias levar ferro
Gesticulavam
Mostrando dedos,
Dizendo imoralidades,
E que o motorista do lado
Fosse tomar no cu,
Pedindo que sigam a diante
O motorista da frente
Resvalou o para choque
Amassando o carro azul.
Tinha um cara corintiano
Com um feio chapéu de pano
Com a estampa do timão
Sujeito mal educado
Ameaçava todo mundo
Com dois porretes nas mãos
Nos comandos de um carro
Todo velho e enferrujado
Do modelo corcel dois
Dos anos oitenta e um
Em meio as desavenças
Queria porque queria
Ultrapassar a camionete
Este fraco ignorante
Motorista incompetente
Ainda não se dava conta
De sua fraca potência.
Agora a paz já reinou
As ruas silenciaram
Só restaram as luzes acesas
Já são mais de meia noite
As vias estão vazias
As cores dos semáforos
Não param de piscar
Vai até o outro dia
Aguardando iniciar
Novo dia começar
E o cãozinho vira lata
Atravessou a avenida
Sem barulhos de buzinas
Nem carros acelerar.
Ali naquela marquise
Ao tempo e a estiagem
Aos braços de seu amigo
Catador de reciclagem
Acomoda bem quentinho
E no outro dia cedinho
Do sono se despertar.
E estes monstros de latas
Vai novamente às ruas
Correndo cantando pneus
No asfalto a trafegar
Palco da desarmonia
Brigando até se matando
Esquecendo se do amor
Que ao próximo hão de dar.
Astuto passando à frente
Cheios de preconceitos
esquecendo dos direitos
Que a todos é por igual
Desde pobre como o rico
Transeunte e pessoal
Veículos motorizados
Ou de tração animal
Carro velho ou atual
Ainda estes mequetrefes
Não se enxergam seu lugar
Se achando absoluto
Proprietário do lugar.