Talheres

Não vou arrancar minha roupa para ser devorado pela ganância mercantilista e cinzenta da cidade.

Nem tão pouco adormecerei bêbado em algum viaduto abandonado.

Também não vestirei peças novas engomadas e com etiquetas consagradas.

Assumo meu “look” de camisetas detonadas.

Espero à porta do banheiro.

Não tenho pressa.

Entro só com o creme dental.

Não vou fazer a barba.

Não me importo em ser deselegante.

Se na fila tiver idosos saio dela para ser gentil, não precisam saber o motivo.

É nisso que está Deus, não nas ostentações das imponentes Catedrais e nos vestidos de alto padrão que ali entram.

"Bem-aventurados os humildes de coração, pois deles será o Reino dos Céus".

A gratidão não se veste de vaidades.

Alimento-me da mais pura simplicidade, não me ajusto com tantos talheres.

Um sanduíche...

Por favor!