INSÔNIA

É noite. A solidão, cruel, consome,

E me devora com sofreguidão.

Eu ando pela casa, vago, insone,

Como uma assombração...

Enquanto a madrugada se avizinha,

Relembro as dores de toda jornada,

E penso que o suor de quem caminha

Talvez não leve a nada...

Tento dormir. A insônia me tortura,

A mente perde-se em caminhos tortos.

Invejo a alienação que dá a loucura,

Invejo a paz dos mortos...

Todos os meus receios me visitam,

E a mais profunda dor dos desenganos,

Toda a desilusão dos que acreditam

Encurtam os meus anos...

E o relógio da sala, tenebroso,

Soando as horas, dá o tempo a fluir,

Até o cansaço físico, piedoso,

Fazer-me enfim dormir...

Mauren Guedes Müller
Enviado por Mauren Guedes Müller em 01/06/2007
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