INSÔNIA
É noite. A solidão, cruel, consome,
E me devora com sofreguidão.
Eu ando pela casa, vago, insone,
Como uma assombração...
Enquanto a madrugada se avizinha,
Relembro as dores de toda jornada,
E penso que o suor de quem caminha
Talvez não leve a nada...
Tento dormir. A insônia me tortura,
A mente perde-se em caminhos tortos.
Invejo a alienação que dá a loucura,
Invejo a paz dos mortos...
Todos os meus receios me visitam,
E a mais profunda dor dos desenganos,
Toda a desilusão dos que acreditam
Encurtam os meus anos...
E o relógio da sala, tenebroso,
Soando as horas, dá o tempo a fluir,
Até o cansaço físico, piedoso,
Fazer-me enfim dormir...