Não estou pra brincar.
Estou para colher o berço de tua vida
com um corte lento e grave e um terço
pra orar nessa minha hora bendita
porque se tenho que subir, eu desço.
Gosto de fazer as coisas previstas
falirem na sua hora mais esperada;
de vê-las gritar por serem vistas
em sua perfeição menos acabada.
Gosto de sorrir das carecas lambidas;
Das perucas soltas inesperadamente.
Gosto do desespero e das malditas
desesperadas que choram falsamente.
Um corpo que não é seu;
Um leite que se perdeu;
Uma vida que nem nasceu
na sorte de quem venceu.
Rio com meus dentes desalinhados
para a vida perfeita de tantos riquinhos
que criam seus assassinos mimados.
Choro quando cruzam meus caminhos.
Não sou Cristo para morrer pelos outros;
Os erros que não cometi, não me darei.
Nem como mártir, nem santo torto.
Com garras, presas de qualquer modo.
Eu me defenderei e talvez sem errar,
eu os atacarei antes de vê-los sacar
sua malícia bem treinada a tentar
fazer meu sangue contido derramar.