Faço Ver
Por que será que faço versos?
Podia fazer  contos, romances.
Ai que preguiça!
 
Metade do romance cabe em dois quartetos.
A  outra metade sintetizo em dois tercetos
Deixo a minha alma voar até à alma universal se juntar.
 
Criar personagens, ser autor omnisciente.
Penetrar no inconsciente.
Valha-me Deus! Eu não sou omnipotente.
 
Como qualquer  pagão nem sei direito fazer a lição.
O mundo intelectual, soa falso, me faz mal.
O meu avô dizia: quanto mais estuda mais burro fica.
 
Tinha razão: a intelectualidade, a  racionalidade
 Vão colocando travas no coração.
 Trancam as portas do amor, da piedade, da bondade. 
 
 O meu avô tinha razão, era mestre na sabedoria do coração
  À razão dava valor, mas não a deixava valer mais.
  Equilibrava as inteligências. São iguais.
 
   Por isso faço versos, ali cabe a alma do pastor, do doutor.
   Ali até posso dizer que já vi o Criador a criar.
   São só  versos. Quem é que vai acreditar?
 
                                                                               Lita Moniz