Lobo Solitário
Lobo Solitário
Sou uno com o mundo,
Enquanto a chuva cai,
Sou lobo,
Daqueles que se acham solitários.
Predador sem presa,
Aquela maldita que fugiu no meio da breja,
Minha corça, gazela, cadela,
Vagabunda mimada que só sabe dar trela.
Viro farinha perdida,
Dois pinos jogados no meio dos baseados.
Me torno poeta sem musa,
Confete sem carnaval.
Fico perdido sem minha presa sobrenatural.
Viro filhote e chego junto,
Colo pra ver se rola,
Mas dali nada desenrola.
Escrevo e choro enquanto a solidão vem,
Respiro fundo,
E pra onde olho só tem fantasmas do além.
Me falam da brisa,
Do amor, do abandono, da dor e desamor,
Da inconveniente sutileza do amargo.
Soletro teu nome em fumaças largadas
Pelo vício tabagista,
Viro fogo de palha, só faísca.
Chamo teu nome e ninguém escuta
Aquela maldita bruxa.
Viro favelado,
Te procuro acordado,
Quando estou só e delirando,
Atiro para todos os lados,
Sou lobo solitário,
Cheio de mim, com o peito estufado.
Pensando em ser predador,
Quando no fim,
Sou apenas presa fugindo do caçador.