Lobo Solitário

Lobo Solitário

Sou uno com o mundo,

Enquanto a chuva cai,

Sou lobo,

Daqueles que se acham solitários.

Predador sem presa,

Aquela maldita que fugiu no meio da breja,

Minha corça, gazela, cadela,

Vagabunda mimada que só sabe dar trela.

Viro farinha perdida,

Dois pinos jogados no meio dos baseados.

Me torno poeta sem musa,

Confete sem carnaval.

Fico perdido sem minha presa sobrenatural.

Viro filhote e chego junto,

Colo pra ver se rola,

Mas dali nada desenrola.

Escrevo e choro enquanto a solidão vem,

Respiro fundo,

E pra onde olho só tem fantasmas do além.

Me falam da brisa,

Do amor, do abandono, da dor e desamor,

Da inconveniente sutileza do amargo.

Soletro teu nome em fumaças largadas

Pelo vício tabagista,

Viro fogo de palha, só faísca.

Chamo teu nome e ninguém escuta

Aquela maldita bruxa.

Viro favelado,

Te procuro acordado,

Quando estou só e delirando,

Atiro para todos os lados,

Sou lobo solitário,

Cheio de mim, com o peito estufado.

Pensando em ser predador,

Quando no fim,

Sou apenas presa fugindo do caçador.

Minari
Enviado por Minari em 25/11/2014
Reeditado em 24/02/2023
Código do texto: T5048400
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