O abraço de todas as saudades

Não consigo,

O silêncio é-me a via,

Ondas revoltas cantam...

Queria ter essa destreza,

E te dizer do que vai em mim,

Do desvelar da máquina do mundo,

A que Drummond ignorou, mas eu não...

Eu queria...

...As coisas,

Não descrever,

Há impossível descrição...

Se eu pudesse te mostrar isso flores,

Isso perfumes, isso cores...

A música, a Paz me envolvem

Com o abraço de todas as saudades...

Que solidão, que abismos!

Tu és mundos.

A lágrima, de infinitas substâncias...

Mundos moldados,

Feitos, refeito, redestruído

Por você de impossível geografia...

Oh dinâmica de Deus!

...Ninguém pode te visitar,

Nem tu a ti mesmo...

Tu és distante,

Além da fronteira,

Redemoinhando para dentro,

E eu sigo, macambúzio a lembrar-me

Que um dia poderemos bailar entre estrelas...