Escrita
Escrita
O que me resta fazer,
Quando tudo é dor e desespero?
O que me sobra,
Quando tudo o que se tem é medo?
Só tenho uma escolha,
Escrever.
Escrevendo mantenho o amor,
Afasto o rancor,
Aquele dissabor no fundo da lingua.
A maturidade me escapa como o vinho vagabundo vira vinagre,
Vou me deixando as loucuras,
De um bate boca sem finalidade.
Vou crescendo e amargurando,
Tentando salvar o doce da letra,
Que me escapa entre as mãos.
Só me vem essa frustração ao escrever,
Me imagino sem os braços para poder viver.
Minha letra corre de mim,
E eu fico assim,
Sozinho.
Sem minha musa pra inspirar,
Com quem vou recordar do viver,
Sem ao menos poder me embriagar?
Vou tentando, me esforçando,
Escrevendo, me decifrando,
Criando e amando,
Chorando e amargurando.
Sentado no escuro do quarto,
Com um vazio do lado,
Sentindo faltas tuas e minhas,
Debaixo do cobertor,
Dizendo que eu sempre quis ser escritor,
Fazendo juras de amor,
Que jamais se realizarão,
Porque?
Porque só falo da boca pra fora,
Como todo escritor…