Escrita

Escrita

O que me resta fazer,

Quando tudo é dor e desespero?

O que me sobra,

Quando tudo o que se tem é medo?

Só tenho uma escolha,

Escrever.

Escrevendo mantenho o amor,

Afasto o rancor,

Aquele dissabor no fundo da lingua.

A maturidade me escapa como o vinho vagabundo vira vinagre,

Vou me deixando as loucuras,

De um bate boca sem finalidade.

Vou crescendo e amargurando,

Tentando salvar o doce da letra,

Que me escapa entre as mãos.

Só me vem essa frustração ao escrever,

Me imagino sem os braços para poder viver.

Minha letra corre de mim,

E eu fico assim,

Sozinho.

Sem minha musa pra inspirar,

Com quem vou recordar do viver,

Sem ao menos poder me embriagar?

Vou tentando, me esforçando,

Escrevendo, me decifrando,

Criando e amando,

Chorando e amargurando.

Sentado no escuro do quarto,

Com um vazio do lado,

Sentindo faltas tuas e minhas,

Debaixo do cobertor,

Dizendo que eu sempre quis ser escritor,

Fazendo juras de amor,

Que jamais se realizarão,

Porque?

Porque só falo da boca pra fora,

Como todo escritor…

Minari
Enviado por Minari em 31/10/2014
Reeditado em 24/02/2023
Código do texto: T5018691
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