Maldita
Preguiça mal-amada,
Descuidada, que me deixa com essa cara,
Sai de mim sua desalmada!
Já me acorda cheia do seu desdém,
Me causando males que você nem sabe da onde vem.
Me prende na cama,
Fingindo todo esse amor,
Quando mais traz é desamor.
Faz de mim gato e sapato,
Sucumbo a tua vontade e volto,
Num giro depois de uma mijada,
Volto pra cama com a cueca pingada (quem nunca?).
E me aquieto mais uma vez,
Com aquela coberta quente que me faz suar.
Viro, rolo, sento, choro.
Caminho até a cozinha,
Procuro aquela loira, minha amada vizinha,
Companheira de bares,
Minha cerveja aguada.
Passo a mão no seu corpo,
Meio frio, meio morno,
Aquela barriga verde com seu apelido alemão (Heineken),
Pego meio velho charuto,
Acendo aquele gosto de queimado,
Volto ao quarto e me sento,
Sussuro aos ventos da sacada:
-Ô vida de merda…
Tomo um gole e dou uma tragada,
Preguiça maldita, destemperada,
Me faz virar toda a madrugada,
Pra tarde quente me manter dentro de uma fornalha.
Pra que meu cristo, pra que?
Pra poder enfiar o dedo na minha cara e dizer:
- Vai se foder!