MUSEU DE MIM

Ouço longe uma voz que me chama pra lá,

vem no vento e resvala por minhas entranhas,

é um rio no mar do silêncio esquecido

entre as forças estranhas que ainda me restam...

Tenho medo sem medo, sereno e cordato,

há um tato sem tato que assombra e conforta,

uma luz mais pra meia que pra luz inteira

põe a beira dos olhos no centro do abismo...

Na distância o chamado, se atendo é sem pressa,

cada passo tem peça que monta o passado

a ficar nas paredes do museu de mim...

Já no meio do fim deixo a vida pairar,

ter a boa indolência que o tempo confere

a quem hoje passeia sobre reticências...

Demétrio Sena
Enviado por Demétrio Sena em 15/09/2014
Código do texto: T4962683
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