MOSTEIROS E BANCOS
Um dia os mosteiros viraram empresas comerciais
E os homens faram o pai-nosso antes de entrarem em um banco.
Não haverá mais esconderijo para os entraves da alma
Os balsamos serão balsas para a prestação no Céu.
O Céu será arrendado como um latifúndio da razão.
Não haverá mais abrigo a caridade que invade as tempestades do espirito.
Um dia as Igrejas serão templos de dinheiro e poder
E o mesmo Céu que antes habitava a ternura será signo da ostentação
De César será seu trono, no berço da moral invertida das vaidades.
Os remédios serão escudos vestidos de ouro do Templo de Salomão.
O Céu perderá o seu maior mistérios e se verá a marca da servidão.
Os homens se ocuparam das coisas mundanas como se elas fossem eternas.
Um dia os padres se tornaram empreendedores homens de negócios.
E mesmo a loteria da fé não fará consolo à ditadura da razão
Não haverá mais espaços e lugares para fomentar o silêncio.
Os invernos se faram duros para os criadores do espírito.
A fé poderá ser comprada como se paga uma caderneta a prestação.
Os templos serão altos nos lábios da cidade dos sedentos por consolos e bengalas.
Um dia voltaremos ao lugar onde tudo foi destruído pela natureza
O universo nos esmagará como um buraco negro que se alimenta de estrelas.
Nem Deus poderá perdoar os Reis, se eles não ousarem ouvir os loucos.
Nesse tempo o mito renascerá em corpo, como conhecimento que trará o fogo.
Assim os homens saíram da caverna em busca de uma luz por caminhos próprios.
E o amor religará as estrelas pelo sermão da Montanha e Abismo existidos de dentro da sua alma.
De Poeta das Almas - Fernando Febá
Fernando Henrique Santos Sanches