FIM SEM FIM

É um fim arrastado, preguiçoso e lerdo...

desistiu até mesmo dessa desistência...

fez a cama no beco do seu tanto faz

e se fez reticência que não tem mais fim...

Um adeus esticado, sonolento e turvo...

que se deu e no entanto não deu a partida...

uma ida que fica pra mostrar que foi,

mas não sai do que foi, como se fosse ainda...

O passado é presente na versão dos olhos,

temos corpos presentes que já não se têm,

porque somos ausências, apesar de corpos...

Este fim infinito, rebuscado e tenso

no silêncio acuado que refina o grito,

é um mito que paira sobre o que morreu...

Demétrio Sena
Enviado por Demétrio Sena em 12/08/2014
Código do texto: T4919211
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