O OUTRO QUE NÃO QUER SE FAZER DE OUTRO

O outro é tão outro que não quer se fazer Outro. Quando não existi no imaginário não posso sondá-lo. Ele fica tão perto mais raramente se faz presente, mesmo ausente sente o seu calar no lar calado.

Não há mais o Outro para nos levar para casa. Mesmo quando esse outro outrora hora embora nos venha ser agora.

É essa língua que você fala e não entendo. Que ouso mais não escuto. Esses sinais sem mais, essa palavra perdida, esse tempo virtual que temos, ouso as palavras surdas da janela.

Vamos brincar com as palavras, desenhar poemas em desejos. Consertar brinquedos, tocar as pontas dos dedos.

E que aja falta, para que se possa ver, o invisível das coisas sentidas.

Mesmo que elas por alguns instantes as vezes se esquivem da hora do enternecimento tardio.

O que adiantaria ter uma mente organizada, se ela se faz fechada, sobre gavetas intransponíveis para a imaginação viva?

De Poeta das Almas

Fernando Henrique Santos Sanches

Fernando Febá
Enviado por Fernando Febá em 30/06/2014
Reeditado em 17/08/2016
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