AMOR DE SÓTÃO

Gosto mais de você do que o meio permite;

calo todos os traços do meu rosto entregue;

dou à luz do grafite que reluz nos olhos,

uma sombra serena; sossego sem paz...

É um triste gostar que se acomoda e vive

do sorrir disfarçado e do mero estar perto,

rechear meu deserto, minha solidão,

de conversas distantes do que penso e sinto...

Fantasio, imagino, me dou em sigilo,

você nunca recebe, mas dou assim mesmo,

peço asilo em seus olhos e finjo ganhar...

Meu gostar de você fere laços formais;

gosto mais do que posso não gostar do quanto;

do que planto e sufoco esperanças estéreis...

Demétrio Sena
Enviado por Demétrio Sena em 22/06/2014
Reeditado em 22/06/2014
Código do texto: T4854025
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